terça-feira, 25 de junho de 2013

Uma nova história na rua


Parecia que os jovens brasileiros haviam perdido a consciência crítica. Alguns confidenciavam terem sido estigmatizados por gente governista (ou aliada) ao exporem ideias discordantes ou não se posicionarem em polêmicas polarizadas. Triste assim.
Aí uma voz começou a se fazer ouvir no movimento horizontal das redes sociais. Com um nome sugestivo: Passe Livre. Sem uma direção centralizada, sem hierarquia. Aparentemente autônoma e independente.
Ela os chamava para se engajarem em uma “nova forma” de fazer política; apartidária. Essa nova forma foi entendida como um direito a livres manifestações individuais de opinião ou de protesto, de grupos ou de tribos. E poderia ser uma força de oposição ao sistema em vigor.
De onde vinha essa voz? Vinha do Movimento Passe Livre (MPL), uma espécie de irmão caçula dos movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Aproveitava o momento oportuno da subida nas tarifas de ônibus (às vésperas da Copa das Confederações) para protestar em São Paulo. Gritar por um transporte público gratuito e liderar manifestações contrárias aos vinte centavos a mais.
Na mosca. A causa sensibiliza todas as classes atingidas pelo trânsito caótico nos grandes centros urbanos do país. Principalmente pessoas conscientes do seu direito de ir e vir como garantia de acesso ao trabalho, à educação, à saúde, ao lazer. É inclusão social.
Mas, atrás dessa voz, há uma velha história. Teve época em que jovens de classe média encantaram-se com a luta do MST pela reforma agrária nos latifúndios improdutivos. Em que famílias, também de classe média, compareciam com suas crianças aos comícios do Partido dos Trabalhadores.
Acreditem. Clamavam por mudanças, justiça social e ética na política. Lá se foram duas décadas!


Hoje, a dinâmica e o organismo social são outros; com a maioria da população brasileira vivendo nas cidades. Portanto, tudo levava a crer que a fórmula 0,20 + mpl.org.br / facebook # vemprarua seria um sucesso. E foi.
Porém, não exatamente como os movimentos radicais de esquerda queriam. Apesar da derrubada dos vinte centavos e o dia seguinte consagrado como data histórica, por reunir mais de um milhão de manifestantes nas ruas, um fato imprevisível aconteceu.
A massa gigantesca não permitiu que a manobrassem.
Repudiou ações, bandeiras, propostas e palavras de ordem partidárias. Berrou não à violência, da polícia e dos provocadores infiltrados. Dispensou PT, PSDB... Foi dona de si mesmo.

Ateneia Feijó é jornalista.

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